sábado, 5 de maio de 2018

II CURSO DE PROMOTORAS LEGAIS POPULARES DE SÃO SEBASTIÃO

Ano Passado tivemos o 1° Curso de Promotoras Legais Populares em São Sebastião. O Curso foi tão bom que esse ano não poderíamos deixar de continuar. No dia 07/04/2018 foi o primeiro encontro, do II Curso de Promotoras Legais Populares de São Sebastião no Colégio CEM 01 (Centrão)


II CURSO PROMOTORAS LEGAIS POPULARES SÃO SEBASTIÃO

E para saber o que aconteceu na primeira oficina, segue abaixo o relato:

07/04/2018 

A oficina ocorreu nas seguintes etapas:
1- Apresentações: Dinâmica- falar 5 características pessoais; o que esperam do curso e como conheceram o curso.
Compareceram técnica de enfermagem; pessoas da área da saúde, estudantes; artistas, costureiras, representante da promotoria de São Sebastião- Kátia; Gabriela da coordenação de direitos humanos, Promotora Laís; sindicato das trabalhadoras domésticas da Bahia; FENATRAD; militante do PT, Casa Frida; Professoras, jornalistas; advogadas, donas de casa.
2-  Lanche Coletivo
3- História das PLPs
A professora Bistra Stefanova apresentou as PLPs como um projeto que antes tinha parcerias com ONGs e depois investiram no projeto sozinhas, amparadas pelo programa de extensão da UNB e do Ministério Público do DF. O projeto foi ampliado contando com a participação da comunidade que nunca abandonou o projeto. Posteriormente a Fio Cruz entrou como parceira. Informou que no ano passado as PLPs tiveram um prêmio de Educação Formal em direitos humanos, e  que a coordenadora do prêmio, ficou impressionada pelo tempo de duração do curso das promotoras legais populares.
4- Como funciona o curso- Heloisa Adegas apresentou
O Trabalho tem como metodologia a educação popular, e horizontalidade de troca de saberes e conhecimento. Com temas principais e também com as demandas de temas que aparecerem no decorrer do curso. As facilitadoras que organizam as oficinas, planejam as dinâmicas e podem trazer colaboradoras para preencher as oficinas. A ideia é se sentir mais preparada para encarar as realidades. Disse: “Acreditamos que a união e troca entre as mulheres nos fortalece. ” Discorreu sobre como funciona a organização do curso, a duração, a ação concreta, e a formatura. Direito achado na Rua- não é um direito institucional, é um direito feito pelas próprias pessoas.
Passou também os Informes: sobre a importância da Relatoria de cada oficina, ajuda de transporte, lanche, cada participante trazer uma outra mulher para participar.
5- Fala das Parceiras
Ministério Público – Representante do MP, Laís
Trabalhou no núcleo de 2006 e 2010 com as PLPs. Observou que as PLPs passaram por algumas mudanças, e percebeu que as formadas continuam no projeto. Compartilhou sua experiência pessoal com o projeto e como delegada de polícia da delegacia da mulher, onde teve o primeiro contato com as questões das mulheres, observando-se de um lado como cidadã e por outro como figura de autoridade, dessa forma se sentia levada pelo sistema. Quando foi ao MP entrou para área criminal e quando em 2006 entrou para o núcleo de gênero, teve a oportunidade de contato com as PLPs e percebendo que a formação das estudantes de direito seria de uma experiência muito diferente da dela. Depois foi trabalhar em Planaltina com violência de gênero e encontrou empecilhos de aplicar a Lei Maria da Penha, dando uma sensação de impotência. AS PLPs a fizeram enxergar que em cada área da vida e qualquer lugar que ocupe na sociedade, traz uma visão diferente de si mesma na sociedade. E a fez desenvolver um trabalho diferenciado pelo contato que teve com as PLPs.
Casa Frida- Helen Cristian
Apresentou a casa como um referencial feminista da cidade de São Sebastião. A Casa acolhe mulheres em situação de violência. Via uma dificuldade de trazer as mulheres da cidade para desenvolver os projetos em parceria com as PLPs. Pensar junto como pode ser a atuação na cidade. Apresenta a cidade como em estado de vulnerabilidade financeira que atinge as mulheres mães e negras. E as crianças sem escola. 
Apresentou como funciona a Casa-  que trabalha em 3 vertentes: mobilização social; cuidado e auto-cuidado entre mulheres e difusão da arte e cultura feminista com várias atividades. E não possui financiamento financeiro, busca outros meios de manutenção. Convida as mulheres para colaborarem com a casa. E propõe apoio as mulheres que queiram apresentar e ou desenvolver seus trabalhos na Casa.  Se insere no fórum social de São Sebastião, no Conselho de juventude. Apresenta as Casas que acreditam nos direitos humanos e sociais.
Mari- Professora do CEM 01
A professora começou sua fala com a frase: “A construção da sociedade faz parte da comunidade escolar”.  Relatou que o curso tem a ver com a cidade de São Sebastião, pois agrega sonhos e lutas e que a cidade, apesar de ter uma realidade de estigmas raciais de classe e gênero é ao mesmo tempo formada por uma juventude potente que se recria pela poesia, trazendo outras perspectivas para os jovens e professores. Falou que nos primeiros anos em São Sebastião não percebeu a potência da cidade, mas em contato com os jovens começou a entender a sua própria experiência como PLP e professora da rede. Então começou o sonho de levar as PLPs para São Sebastião, junto com as outras organizações e pessoas.  Percebeu que esse poder que move o curso traz respaldo para transformar as coisas. E em contato com as cursistas do 1° curso em São Sebastião percebeu a potência do curso e de como ele pode crescer na cidade.
Creuza Oliveira- FENATRAD
Creuza foi trabalhadora doméstica e estudava no período da noite, alegou que as trabalhadoras domésticas sentem vergonha de falar de sua profissão, mas que no colégio onde estudava, havia um de atendimento que começou a fazer um projeto com grupos de domésticas entre 1986 e 1990 e que isso culminou numa organização de trabalhadoras domésticas da Bahia. Falou da história de Laudelina, que através da Rádio começou a movimentar o desenvolvimento rumo a associação das trabalhadoras domésticas e que hoje trouxe conquistas de direitos para essa categoria. Afirmou que o trabalho doméstico tem recorte de gênero, raça e classe. E que encontra dificuldade de convidar as trabalhadoras para participarem dos sindicatos e das organizações em prol dos direitos das trabalhadoras domésticas, por estarem em âmbito privado e não conhecerem seus direitos. Disse que a luta é pela valorização das trabalhadoras domésticas, de empoderamento e autoestima, para que elas estudem e possam ter outras perspectivas e escolhas. Relatou que as Associações encontravam muita dificuldade financeira de organização, contando com parcerias não estatais. E hoje existe o escritório sede da FENATRAD, que passou a existir em Brasília com um espaço físico próprio para que a federação tenha um local central. Localizado no mesmo espaço do CFEMEA. E por fim denunciou as precarizações dos trabalhos domésticos, das violências que as trabalhadoras sofrem e da falta de informação. Falou do aplicativo Laudelina, que é um aplicativo que ganhou o prêmio google de impacto social. Ele funciona como um histórico de todos os direitos das trabalhadoras doméstica.
6 – Falas finais
Izabel- PLP São Sebastião
Falou de sua trajetória como trabalhadora doméstica. Quando ficou sabendo da possibilidade de trazer o curso PLPs para empregadas domésticas, se sentiu tocada para ser facilitadora dessa turma. Propôs a abertura do curso também em São Sebastião. Apela pela busca do fortalecimento do sindicato das trabalhadoras aqui no DF.
Heloisa Adegas- PLP Formada
Explicou sobre o Fórum de PLPs onde tem uma atuação mais política em frente as demandas das mulheres.
7- Fechamento
Cleani Calazans propôs uma Dinâmicas de roda que trouxe a importância da construção de redes e afetos entre as mulheres para uma mudança efetiva na sociedade. Desejou boas vindas as novas cursistas. 

Relatado por Cleani Calazans

1° encontro do Curso de Promotoras Legais Populares de São Sebastião- Presença do Ministério Público do DF, FENATRAD, Professora Mari do CEM 01, prof. Bistra Stefanova- Unb


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